OCCRP e a luta contra a criminalidade organizada

Em posts anteriores, falamos sobre a relevância das notícias adversas nos processos de diligência devida, bem como nos procedimentos internos dos sujeitos obrigados. É por isso que hoje vamos analisar a OCCRP — Organized Crime and Corruption Reporting Project — e o impacto que geram com suas investigações.

A OCCRP nasceu da iniciativa dos jornalistas Paul Radu e Drew Sullivan em 2006, após uma investigação conjunta intitulada “The Power Brokers“. Naquela época, investigava-se uma crise energética que causou apagões generalizados na Romênia, Bósnia, Bulgária e Albânia. A investigação revelou os negócios duvidosos que estavam sendo realizados no setor de energia desses países. Durante o desenvolvimento e conclusão da investigação, ambos os repórteres perceberam que poderiam fazer mais e melhor se unissem forças.

Dessa aliança surgiu a OCCRP como uma plataforma de reportagens investigativas. A entidade tem como missão “o desenvolvimento e equipamento de uma rede global de jornalistas investigativos e a publicação de suas histórias, expondo o crime e a corrupção para que o público possa responsabilizar o poder”.

Como plataforma global de jornalistas independentes ou de associações dos mesmos, conta com correspondentes ao redor do mundo. Por exemplo, na América Latina, seu principal eixo é o Centro Latino-Americano de Jornalismo Investigativo — CLIP —, uma entidade de jornalistas de todo o continente americano. Além disso, também possui parcerias com organizações semelhantes na Europa, no Cáucaso, na Ásia, na África e em regiões mais individualizadas, como o Oriente Médio.

O reconhecimento internacional da OCCRP é indiscutível; em 2023, foram nomeados para o Prêmio Nobel da Paz por contribuírem para a paz global ao desmascarar tramas corruptas e o crime organizado. Em 2022, foram agraciados com o Prêmio Allard pela Integridade Internacional.

Entre suas investigações mais recentes, encontramos: figuras-chave do crime organizado na Romênia, como um magnata bielorrusso que utilizou um dos bancos letões mais importantes para lavar dinheiro, ou como o Cazaquistão se tornou uma via para o fornecimento de maquinaria bélica russa.

Por último, é relevante mencionar as bases de dados e fontes que a OCCRP fornece. A mais relevante delas é a Aleph; esta fonte reúne centenas de bases de dados de todo o mundo com informações diversas. Segundo os dados da OCCRP, a Aleph conta com mais de 250 bases de dados que agregam informações de mais de 400 milhões de entidades ou sujeitos de 142 países.


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Por Álvaro Serrano.

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